Jahan Binai tem um programa de televisão que é exibido via satélite diariamente para diversos países islâmicos e alcança mais de 300 milhões de muçulmanos. Ele foi entrevistado pessoalmente em sua casa pela correspondente sênior Tatiana Santos, de Pernambuco
Como o senhor chegou aqui?
Fui reitor numa faculdade no Irã por 14 anos e vivia muito bem financeiramente. No entanto, tinha problemas com o regime no poder. Na cidade em que morávamos, quando a polícia fazia batidas, começava por nossa casa e, por causa dessa pressão política, deixamos o país. Primeiro fomos para a Turquia e dali, através da ONU, nos tornamos refugiados; depois viemos para a Noruega.
Quando chegamos aqui, pensamos que era o paraíso, porque os que estavam ao nosso redor nos mostravam amor. Mesmo que não falassem de Jesus conosco, sentíamos Jesus na vida deles.
Primeiro eu me converti e muita coisa mudou em mim; depois, minha esposa se converteu porque viu as mudanças na minha vida. Nunca pressionamos nossos filhos, mas eles viram as mudanças na vida dos pais e eles próprios tomaram a decisão de seguir a Jesus.
Entramos em contato com iranianos em Oslo, a capital, e começamos a ser bem ativos na comunidade.
Trabalhamos durante 7 ou 8 meses e, embora não visse ninguém se convertendo, não desistimos. Com o tempo, Deus abriu as portas e, certo dia, começaram a chegar à igreja ônibus cheios de muçulmanos. Em cada culto víamos muçulmanos se dobrando e aceitando a Jesus. De vez em quando, viajamos até Dubai ou ao Azerbaijão como missionários para pregar.
Quais restrições o senhor ou a igreja tem enfrentado?
Quando vou ao asilo de refugiados, às vezes sou proibido de entrar. A direção do próprio asilo me proíbe: os funcionários, ou até mesmo muçulmanos fanáticos, e isso com o consentimento do governo. Tem sido um pouco complicado aqui na Noruega, mesmo sendo um país cristão, pois tem sido difícil evangelizar os muçulmanos.
Alguns são fanáticos e por isso nós às vezes temos problemas, somos criticados por eles. Fui ameaçado de morte, eu e minha família.
O senhor precisou de proteção policial por um tempo. O que aconteceu?
Um homem me telefonava repetidamente, e ele me ameaçava, dizendo que eu era uma vergonha para o islamismo; que o fato de eu convidar muçulmanos para cultos cristãos e fazê-los se converter ao cristianismo me tornava um impuro para o islã e que, por causa disso, ele mataria a mim e a minha família.
Acabamos sentindo que isso era algo emergencial e então ligamos para a polícia. Tínhamos medo de ir para a nossa casa, mas a polícia me forneceu um alarme para chamá-la, caso algo acontecesse. Andei meses com esse alarme e trocamos nossos números de telefone.
Numa das últimas ligações que recebi, disse ao meu perseguidor que o amava e não me importava, mesmo que ele de fato viesse a cortar meu corpo em vários pedaços, como havia dito que faria. Passou algum tempo e as ameaças cessaram. Então fui à polícia e disse-lhes que achava que Deus estava mudando o coração daquele homem e acreditava que não precisava mais de proteção policial. Mesmo assim, a polícia continua rondando a área onde moramos.
O que é mais urgente para o seu trabalho?
Oração e proteção. Outro desafio para nós que trabalhamos com essas pessoas é a mentalidade delas, pois é muçulmana. Elas transferem os valores muçulmanos para o cristianismo e esquecem que a mentalidade cristã é fundamentada na graça, enquanto a muçulmana é baseada no quanto de mau ou bom você fez. Nosso desejo é que eles tenham uma relação pessoal com Jesus, porque no islã há uma distância muito grande entre Deus e Jesus e leva algum tempo até que eles compreendam a necessidade de viver essa nova vida. Precisam muito de oração e da Palavra de Deus. Precisamos também de parceiros de oração e parceiros financeiros para o programa de televisão, pois é um projeto muito grande. Temos dois satélites. É um programa diário exibido várias vezes ao dia. Mais de 300 milhões de muçulmanos têm acesso a ele e muitas vidas têm sido alcançadas
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