R$ 9,55
Peso: 0.090
Tamanho: 12 x 18
Edição: 2008
Volume: 1
isbn: 978-85-275-0389-1
Ano Lançamento: 2008
A teologia bíblica tenta construir uma teologia a partir das Escrituras, de modo indutivo. Essa tentativa saudável tem produzido uma desconfiança mordaz da teologia sistemática. Como lidar com o problema? Ninguém melhor do que o dr. Donald Carson para tratar do assunto.
INTRODUÇÃO
Definição da Questão
PODE-SE PERGUNTAR, NO ATUAL CLIMA DE TEOLOGIA acadêmica, por que um estudante, cujo foco primordial de interesse acadêmico sejam os documentos do Novo Testamento, deveria envolver-se com questões que dizem respeito aos alicerces da teologia sistemática. As razões são muitas, quase nenhuma delas é simples. Vivemos numa era de crescente especialização (devido em parte à rápida expansão do conhecimento), e disciplinas que a priori deveriam funcionar em íntima união estão sendo distanciadas uma da outra. Mais importante que isso, há um consenso crescente entre os estudiosos do Novo Testamento de que qualquer teologia sistemática que reivindique resumir a verdade bíblica é, na melhor das hipóteses, obsoleta e, na pior delas, perversa. Qualquer possibilidade de teologia sistemática legítima pressupõe que a disciplina buscará em outro lugar que não no cânon cristão as suas normas; ou terá como ponto de partida um centro menor que tal cânon, ou será dele completamente distinto. É importante apreender as proporções deste dilema moderno. Em seu centro se acham várias pressuposições firmemente entrelaçadas:
1. O Novo Testamento está cheio de contradições;
2. o NT abarca muitas perspectivas teológicas diferentes que não podem ser organizadas num sistema único;
3. sua diversidade não é apenas lingüística, mas conceitual;
4. é constituído de documentos escritos dentro de um intervalo de tempo de tal modo prolongado que desenvolvimentos significativos tornaram obsoletas as posições teológicas dos documentos mais antigos.
A conclusão a derivar-se deste leque de proposições é que uma teologia sistemática do NT é impossível, e muito mais impossível uma teologia que abranja ambos os Testamentos. Nesse sentido, não se pode falar legitimamente de “teologia do NT” mas apenas de “teologias do NT”. A primeira categoria, “teologia do NT”, pode ser considerada uma designação apropriada para a disciplina de estudar tal teologia na medida em que ela pode ser encontrada no NT, mas não para uma suposta estrutura unificada de fé teísta. Como resultado, não é muito surpreendente que das dez principais teologias do NT publicadas entre 1967 e 1976, não haja concordância entre quaisquer dois dos autores quanto a natureza, escopo, propósito ou método da disciplina.Não é meu propósito discorrer aqui sobre o surgimento destas tendências. Suas raízes aprofundam-se na história até o período do Iluminismo; meu conhecimento de seu crescimento é suficiente apenas para assegurar-me de que não possuo conhecimento suficientemente detalhado da história para desembaraçá-las. Meu objetivo mais modesto é focalizar um número de obras representativas, primeiro descrevendo-as e depois criticando-as, para finalmente oferecer algumas reflexões úteis ao estudante que esteja convencido de que os documentos do NT são nada menos que a Palavra de Deus e que, no entanto, não possa deixar de, por amor à integridade, lutar com sua diversidade substancial. Por conveniência, eu me limitarei, principalmente, ao NT, embora uma análise semelhante pudesse ser estendida para a Bíblia como um todo. Não tratarei diretamente da questão de se um Deus transcendente e pessoal pode usar as línguas de homens finitos,ou lidar com desenvolvimentos hermenêuticos atuais que exigem uma dicotomia entre o propósito do autor e a compreensão do leitor.Tais questões, embora relacionadas a esta investigação, são suficientemente complexas para merecer estudo separado.