R$ 12,75
Peso: 0.205
Tamanho: 14 x 21
Edição: 2009
Volume: 1
isbn: 978-85-275-0418-8
Ano Lançamento: 2009
ABORTO, DOAÇÃO DE ÓRGÃOS, ENGENHARIA GENÉTICA, SUICÍDIO, EUTANÁSIA,
PESQUISA COM CÉLULAS-TRONCO.
Como devemos nos posicionar, como cristãos, diante de cada nova descoberta?Neste livro, Gilbert Meilaender, a partir de uma perspectiva cristã profunda e equilibrada, oferece uma reflexão sobre esses temas espinhosos que constituem o campo de análise da bioética. São temas repletos de questões que se tornam grandes desafios para aqueles que desejam tornar o pensamento cristão relevante em nossos dias.
SUMÁRIO
PREFÁCIO À SEGUNDA EDIÇÃO ............................................... 009
INTRODUÇÃO BIOÉTICA: UMA ABORDAGEM .................................................. 011
CAPÍTULO 1 A VISÃO CRISTÃ......................................................................... 015
CAPÍTULO 2 PROCRIAÇÃO VS. REPRODUÇÃO ............................................... 025
CAPÍTULO 3 ABORTO ....................................................................................... 043
CAPÍTULO 4 DESENVOLVIMENTO GENÉTICO ............................................... 057
CAPÍTULO 5 SELEÇÃO PRÉ-NATAL ................................................................ 069
CAPÍTULO 6 SUICÍDIO E EUTANÁSIA ............................................................ 077
CAPÍTULO 7 REJEIÇÃO DE TRATAMENTO ..................................................... 089
CAPÍTULO 8 QUEM DECIDE? .......................................................................... 101
CAPÍTULO 9 DÁDIVAS DO CORPO: DOAÇÃO DE ÓRGÃOS ............................. 111
CAPÍTULO 10 DÁDIVAS DO CORPO: EXPERIÊNCIAS COM SERES HUMANOS .. 129
CAPÍTULO 11 EMBRIÕES: AS MENORES COBAIAS ........................................ 139
CAPÍTULO 12 DOENÇA E SAÚDE ..................................................................... 151
ÍNDICE ........................................................................................ 157
BIOÉTICA:
UMA ABORDAGEM
A MEDICINA AVANÇA TÃO RAPIDAMENTE NOS DIAS DE HOJE QUE CORREMOS o risco de esquecer que a consolidação da bioética como um campo de estudos específico ainda é muito recente. Na mente de nossos filhos, a doação e o transplante de órgãos são fatos da vida. Mas, apesar disso, o primeiro transplante bem-sucedido de rim ocorreu em 1954, e o primeiro transplante de coração só foi realizado recentemente em 1967. De fato, nossos filhos podem aceitar, com muita facilidade, que uma mulher grávida possa resguardar a saúde de seu feto no útero, que ela possa se submeter a exames pré-natais e saber, de antemão, se a criança será menino ou menina, bem como, considerar a possibilidade de um aborto por inúmeras razões. Mas, apesar disso, o exame do líquido amniótico foi realizado pela primeira vez só em 1966, e faz apenas trinta anos que o veredicto sobre o processo Roe vs. Wade foi realizado. Podemos aceitar o fato de que, para nós, é vantajoso elaborar diretrizes avançadas sobre como queremos ser tratados caso nos tornemos inconscientes ou inválidos. Entretanto, a primeira lei do living will nos Estados Unidos (no Estado da Califórnia) é de 1976. Muitas pessoas aceitam com extrema facilidade que os tubos de alimentação de um paciente em estado de permanente inconsciência sejam retirados. Mas, em 1976, essa possibilidade não foi considerada seriamente pela família Quinlan, quando recorreu à justiça para pleitear o direito de assumir o controle dos cuidados médicos dispensados à sua filha Karen.É claro que existe, no mundo ocidental, algo que, há muito tempo, é chamado de “ética médica”. O Juramento de Hipócrates data provavelmente do século IV a.C. Os médicos — mesmo quando não havia nenhuma das técnicas modernas de cura — sempre refletiram sobre as responsabilidades de sua profissão. Depois da Segunda Guerra Mundial, em virtude do comprometimento dos médicos alemães com o programa nazista de experiências com seres humanos — eugenia e genocídio —, a ética médica foi alvo de uma atenção renovada. E, de fato, o Código de Nuremberg, cuja elaboração resulta dos abusos então perpetrados, adquiriu hoje em dia o status de lei internacional.Todavia, foi somente nas últimas três ou quatro décadas do século passado que a disciplina bioética se desenvolveu, e foi apenas nesses anos que as preocupações bioéticas se tornaram rotineiras em nossa vida diária. Mas, além de se tornarem rotineiras, tais preocupações também se tornaram propriedade exclusiva de “bioeticistas”, um desdobramento que talvez não seja inteiramente benéfico. Houve um tempo em que os filósofos e os teólogos, cada um conforme sua especialização, refletiam sobre a vida moral, e os médicos ponderavam acerca do significado moral de sua prática profissional. Naquela época, a ética desenvolvia-se como campo específico da filosofia e da teologia.Temos, atualmente, a bioética, uma derivação daquilo a que nos referimos com frequência como “ética aplicada”. Uma das consequênciasdesse desenvolvimento consiste no fato de que a reflexão bioética, cada vez mais, concentra-se sobre a política social — o que, em nossa sociedade, significa um minimal, i.e., um mínimo denominador ético comum capaz de garantir, segundo se crê, o consenso público.Ao longo desse processo, a reflexão em torno do significado moral da saúde e da medicina adquiriu foros cada vez mais seculares, determinados pela visão de que o consenso público deve pôr de lado as questões mais universais acerca da natureza e do destino do ser humano suscitadas pela crença religiosa.