Durante sua existência milenar, os judeus ("o povo do livro") fizeram da Bíblia o seu guia de orientação. A palavra hebraica Torá, onde se encontra a doutrina judaica, significa "orientação". Essa orientação emana dos livros da Bíblia, desde o Pentateuco de Moisés até os dos profetas, historiadores,salmistas e mestres da sabedoria. Os próprios rabinos,guias e conselheiros, têm na etimologia da palavra o seu significado vital: são os mestres.

O Talmud, livro mais citado do que realmente conhecido, é uma coleção de 64 tratados em 20 tomos volumosos, onde estão as atas de um debate travado durante mais mil anos, com a participação de rabinos e seus discípulos. Por isso, literalmente, pode-se afirmar que o Talmud é "aquilo que se estuda" ou "aquilo que se ensina". Aqui estão os registros de lendas do Talmud e do Midrash, este representando um novo significado, além do literal, nas Escrituras, com ênfase nos aspectos essenciais da tradição e da ética.

Mas a riqueza da sabedoria dos nossos pais não se concentra nesses instrumentos culturais, embora sejam eles essenciais. Percorre uma gama extraordinária de vivências. Na verdade, é um mosaico multicolorido, em que se encontram pérolas do pensamento da nossa civilização judaico-cristã, que compõe um "continuum" indissociável.

Nesta obra encontram-se pensamentos registrados em obras, entre outras, como O Livro da Sabedoria, de Salomão; Os 613 Mandamentos, de Maiomônides; e A Essência do Talmud, de Theodore Keler, passando pelos registros do admirável trabalho de Moacyr Scliar em O Humor Judaico.Assim, é possível encontrar a presença de sábios e pensadores de todos os tempos, como Sholem Aleichem, Groucho Marx, Woody Allen e Mel Brooks, aos quais devemos creditar a graça e a fina ironia de alguns conceitos aqui selecionados, sem a pretensão óbvia de esgotar esse filão de infinitas virtualidades.