Kavaná Judaica
Shofar Grande
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Shofar Grande
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O shofar é feito de um chifre de animal casher. Qualquer chifre pode ser usado para o shofar, exceto vaca ou touro, pois estes chifres são chamados em hebraico de "keren" e não shofar, e também porque seu chifre poderia ser um lembrete do Bezerro de Ouro que os filhos de Israel fizeram no deserto, ao deixarem o Egito. Não seria apropriada esta lembrança no dia de Rosh Hashaná, quando nos voltamos para teshuvá.
Shofar grande de antílope tamanho 96cm a 1,05cm.
perfeito para Rosh Hashaná e Yom Kipur
O que é?
Você já pensou alguma vez que o shofar é um dos instrumentos de sopro mais antigos usados pelo homem? Somente a flauta do pastor – chamada Ugav, na Bíblia – o iguala em idade (de acordo com algumas opi-niões), mas não tem função no serviço Divino nos dias de hoje. O shofar, porém, é o mesmo que aquele usado há milhares de anos. Durante a história da humanidade foram inventados instrumentos novos, abandonados os velhos e somente nos museus poderemos encontrar uma flauta antiga. Não é digno de admiração que ainda nos apeguemos ao antigo shofar?
Naturalmente, se você considerar o shofar como um "instrumento musical" não tem grande valor. O shofar não produz sons delicados como o clarim moderno, a trombeta ou outro instrumento de sopro. Mas, para nós, o shofar não é um instrumento "musical"; não é usado por prazer ou divertimento. Longe disto; tem um sentido muito mais profundo. É um chamado para o arrependimento, avisando a chegada dos Dez Dias de Arrependimento, que começam com Rosh Hashaná e culminam com Yom Kipur.
Ele nos lembra o car-neiro sacrificado por Avraham (Abrão) no lugar de Yitschac (Isaac) através da história da Akedá (amarração de Yitschac), li-da no segundo dia de Rosh Hashaná. Orgulhamo-nos de ser descendentes de Avraham e Yitschac e por ter herdado algo de sua lealdade e devoção completas a D'us.
D'us não po-deria ter ficado irado com os filhos de Avraham, Yitschac e Yaacov (Jacó) que, à sua época, foram os primeiros e únicos a proclamar e santificar Seu nome no mundo. Concluímos que a verdadeira devoção à Torá e a D'us, inspirados em nossos patriarcas, significa estarmos preparados para fazer sacrifícios e ser completamente abnegados. Sabemos que milhares de nossos irmãos enfrentaram a morte com coragem para santificar o nome de D'us, como Avraham e Yitschac o fizeram.
Ocasiões em que era tocado
Nos tempos antigos, o shofar era usado em ocasiões solenes. A palavra shofar é mencionada pela primeira vez em conexão à Revelação Divina no Monte Sinai, quando "a voz do shofar era por demais forte e todo o povo do acampamento tremeu". Assim, o shofar em Rosh Hashaná deve nos lembrar a aceitação da Torá e nossas obrigações decorrentes de suas Leis.
O shofar também era tocado quando guerreávamos contra inimigos perigosos. Portanto, o shofar de Rosh Hashaná deve servir como um grito de guerra contra o inimigo interior, impulsos maus e paixões.
O shofar foi tocado no ano de Yovel (Jubileu), anunciando a libertação da escravidão e da penúria. O seu som, no dia de Rosh Hashaná, deve ser também sinal de quebra das correntes de pecados, de maneira que possamos começar uma nova vida com o coração puro, sintonizado em servir a D'us e aos semelhantes.
O shofar no Midrash
O shofar é feito de um chifre de animal casher. Qualquer chifre pode ser usado para o shofar, exceto vaca ou touro, pois estes chifres são chamados em hebraico de "keren" e não shofar, e também porque seu chifre poderia ser um lembrete do Bezerro de Ouro que os filhos de Israel fizeram no deserto, ao deixarem o Egito. Não seria apropriada esta lembrança no dia de Rosh Hashaná, quando nos voltamos para teshuvá.
Geralmente, e de preferência, o shofar é feito de um chifre de carneiro, em memória do carneiro que foi oferecido em lugar de Yitschac (Isaac), que permitiu-se ser atado e colocado sobre o altar como um sacrifício a D'us.
Rabi Abuhu disse: "Por que usamos um shofar feito de chifre de carneiro em Rosh Hashaná? (Em memória do carneiro de Yitschac), pois D'us disse: 'Toquem para Mim com um shofar feito de chifre de carneiro, e Eu me lembrarei do sacrifício de Yitschac e pensarei em vocês como se vocês, também, estivessem prontos a oferecer suas vidas a Mim.' "
Na Porção da Torá sobre o sacrifício de Yitschac, que lemos no segundo dia de Rosh Hashaná, está escrito: "E Avraham ergueu os olhos, e olhou, contemplando um carneiro na moita cerrada ser apanhado pelos chifres." Avraham viu o carneiro apanhado em uma moita após a outra.
Disse Rav Huna: "O carneiro apanhado de novo e de novo nas moitas cerradas mostrou a Avraham que seus filhos seriam apanhados em um exílio após o outro, mas ao final seriam redimidos pelo som do chifre do carneiro."
Rabi Chanina ben Dossa disse: "Cada parte daquele chifre tem sua importância: as cinzas do carneiro eram as fundações do altar interior no Bet Hamicdash; os dez tendões do carneiro fizeram as cordas da harpa do Rei David; a pele do carneiro fez o cinto de couro do profeta Eliyáhu; e dos dois chifres – o esquerdo foi tocado no Monte Sinai, quando da Outorga da Torá, e o direito, o maior, será tocado quando os judeus exilados forem reunidos de todos os cantos da terra, como está escrito: "E acontecerá naquele dia que o grande Shofar será tocado…".
O shofar deve ser curvo, para mostrar que devemos curvar nossos corações ao nosso Pai Celestial. Não deve ser decorado com ouro, ou mesmo com pinturas sobre ele. A única coisa permitida é alguns entalhes no próprio chifre, sem adicionar nada a isto.
A pessoa deve escutar o próprio som do shofar, e não um eco do som. Se alguém ouve apenas o eco dos toques, não cumpriu a mitsvá do shofar. Esta lei foi importante para os judeus na época da Inquisição Espanhola, quando os marranos (judeus em segredo) costumavam sair para as florestas, colinas e cavernas para tocar o shofar, pois se fossem apanhados neste ato, seriam queimados vivos em estacas.
Similarmente, em certos países árabes os judeus não podiam tocar o shofar, pois isso costumava assustar os árabes, que sabiam que Moshiach chegaria certo dia com o toque do shofar.
O shofar é tocado em Rosh Hashaná após a leitura da Torá, antes e durante a prece de Mussaf. Embora uma mitsvá não deva ser adiada, havia uma boa razão para adiar o toque do shofar para depois da leitura da Torá.
Isso aconteceu, numa certa comunidade judaica cercada por inimigos, em que o shofar foi tocado de manhã bem cedo. Os inimigos pensaram que os judeus estivessem convocando para uma rebelião contra eles, então os cercaram e os mataram. Ficou então decidido tocar o shofar após a leitura da Torá, pois, quando os inimigos viam que os judeus já haviam feito parte de suas preces pacificamente, percebiam que era uma reunião pacífica para a oração, e não uma rebelião contra eles.
Rashi explica que houve um tempo quando os judeus foram proibidos de tocar o shofar. Guardas eram postados para vigiá-los até que o serviço da prece de Shacharit estivesse concluído. Os judeus por isso tocavam o shofar mais tarde, durante o serviço Mussaf, e assim permaneceu esta regra, de tocar o shofar após o serviço de Shacharit. Existe ainda outra razão: pois naquele época os judeus já eram coroados com mitsvot, os preceitos entre os quais tsitsit, Shemá, e a leitura da Torá: então vem o shofar e lhes traz o perdão.
As bênçãos que antecedem o toque
O toque do shofar em Rosh Hashaná é um mandamento da Torá. É um preceito como todos os outros de nossa fé e, portanto, deve ser feita uma bênção especial antes de cumpri-lo.
O propósito da bênção é agradecer a D'us por nos ter santificado com Seus mandamentos e nos ter dado a oportunidade de cumprir a Sua vontade. Esta bênção, em geral, é um preparo para que nossos atos não sejam realizados apenas pela força do hábito e, sim, conscientemente, sabendo seu significado e perante Quem devemos agir. A bênção antes do toque do shofar tem a mesma finalidade.
Esta é a bênção: "Bendito és Tu, ó Senhor, nosso D'us, Rei do Universo, que nos santificou com Seus mandamentos e nos ordenou ouvir a voz do shofar." Começamos a bênção na segunda pessoa – como se estivéssemos diretamente perante D'us – mas a terminamos na terceira pessoa – pois D'us é Onipresente e Invisível, Santo e além da compreensão. Todas as bênçãos apresentam esta mesma estrutura.
Em hebraico a palavra Lishmoa ("ouvir" ou "escutar") da mesma raiz de Shemá, possui vários significados, entre eles, escutar ou ouvir com os nossos próprios ouvidos; além de entender e obedecer.
Deste modo, quando o Baal Tokêa (aquele que toca o shofar) faz a bênção por todos nós, espera-se que não só o som do shofar seja ouvido, como também compreendida e obedecida sua mensagem.
Os toques
O Shofar emite três sons característicos: Tekiá – um som contínuo, como um longo suspiro; Shevarim – três sons interrompidos, como soluços; Teruá – nove (ou mais) sons curtís-si-mos como suspiros entrecortados em prantos.
Estes sons do shofar evocam e expressam sentimentos de profundo pesar pelas más ações que cometemos no passado. É também uma conclamação às armas, como um tambor de guerra. O shofar nos convoca a lutar contra tudo que impeça a pratica do judaísmo em sua plenitude: paixões, preguiça e negligência; contra a influência de maus amigos, etc., afirmando que todos os preceitos são dignos para que lutemos por eles. E mesmo se no passado não os tenhamos observado cuidadosamente, o shofar diz que nunca é demasiado tarde para começar. D'us sempre perdoa o passado ao tomarmos boas decisões para o futuro.
Esta é a mensagem final do shofar, aquela do perdão Divino. Por isso, o último som do shofar é um toque longo, a Tekiá Guedolá (grande toque). Este som não representa soluço, nem suspiro ou lamento, mas um grito de triunfo e alegria; pois estamos confiantes de que D'us aceitou o nosso arrependimento.
Podemos notar esta expressão de alegria na melodia dos versos recitados logo após os toques. Enquanto os versos recitados antes são solenes, os que os seguem falam da alegria, que brota após um arrependimento sincero. Este é o real significado de ouvir, compreender e obedecer a voz do shofar.
Esta é a ordem dos toques do shofar:
1. Tekiá – Shevarim – Teruá – Tekiá
2. Tekiá – Shevarim – Tekiá
3. Tekiá – Teruá – Tekiá
O som de cada grupo é repetido três vezes, totalizando trinta toques. No total, durante o serviço matinal de Rosh Hashaná, o Shofar é tocado cem vezes (cada um dos sons acima mencionados é tocado três vezes e isto é repetido três vezes durante o serviço, somando noventa toques; no final, toca-se mais uma vez o grupo de dez, perfazendo os cem toques).
Os sons quebrados de Shevarim e Teruá lembram estes suspiros e gemidos abafados que penetram no co-ração, e servem para despertar a pessoa ao arrependimento e ao retorno. A Tekiá Guedolá – o último toque longo do shofar – soa como uma nota mais alegre e lembra o grande dia, quando o grande shofar será tocado para reunir do exílio todo o povo de Israel, com a chegada de Mashiach.
Qual é o significado do toque do shofar?
O shofar nos chama para acordarmos de nossa letargia mental pelas coisas terrenas e clama para que possamos despertar e nos envolver com as necessidades de nossa alma. É como um alerta: nos inspira temor lembrando que este é o Dia de nosso julgamento.
A mensagem do shofar, segundo Maimônides, é:
"Acordai de vosso sono e ponderai sobre os vossos feitos; lembrai-vos do Criador e voltai a Ele em penitência. Não sejais daqueles que per-dem a realidade de vista ao perseguirem sombras ou esbanjam anos buscando coisas vãs que não lhes trazem proveito. Olhai bem vossas almas e considerai vossos atos; abandonai os caminhos errados e os maus pensamentos e voltai a D'us, para que Ele tenha misericórdia para convosco!"
Esta é a função mais importante dos sons do shofar: inspirar a alma e provocar vibrações extraordinárias no coração, ativando o sentimento do arrependimento e humildade.
O despertar de nosso sono
O som do shofar é como o chamado de uma trombeta, despertando-nos de nosso sono. Estamos tão atarefados com os interesses do dia a dia – escola, trabalho, diversão – que tendemos a ficar indiferentes ao nosso verdadeiro objetivo na vida, como se estivéssemos imersos em sono profundo. Rosh Hashaná, o ano novo ano judaico, nos desperta para planejarmos o cumprimento de mitsvot e o estudo de Torá para o ano que se inicia.
Rabi Saadyá Gaon nos ensina aqui dez diferentes maneiras do shofar nos inspirar a viver uma vida melhor o ano inteiro:
Um
Quando um novo rei começa a governar, é expedida uma proclamação, acompanhada por toques de trombeta. A cada ano naquele dia, seu governo é novamente proclamado, também com o som da trombeta.
A Criação do Mundo foi completada em Rosh Hashaná, e o reinado de D'us começou no mundo. A cada ano neste dia, proclamamos novamente Seu governo com o toque do shofar.
Dois
Quando um rei emite um decreto, o chifre soa e um sinal de aviso é anunciado.
Os Dez Dias de Teshuvá (Penitência) começam com Rosh Hashaná. "Aperfeiçoe-se!" – somos advertidos, e quando este decreto é emitido, o shofar ecoa.
Três
Quando recebemos a Torá nas encostas do Monte Sinai, o som do shofar enchia os ares.
Neste dia de Rosh Hashaná nós nos dedicamos à vida de Torá novamente, e o som do shofar enche o ar.
Quatro
As palavras de nossos profetas de antigamente soam como um toque do shofar.
Lembramo-nos de suas palavras corretivas, quando ouvimos o toque do shofar.
Cinco
Nossos inimigos tocaram suas trombetas quando destruíram nosso Sagrado Templo – o Bet Hamicdash.
Quando tocamos o shofar em Rosh Hashaná, rezamos para que o novo ano traga a reconstrução do Bet Hamicdash, para que nossos pecados sejam perdoados.
Seis
Yitschac (Isaac) de boa vontade se ofereceu em sacrifício, como D'us ordenou, mas no último instante foi substituído por um carneiro.
Em Rosh Hashaná tocamos um chifre de carneiro para lembrar-nos – e a D'us – da devoção de nossos antepassados.
Sete
"Poderá o shofar soar na cidade e o povo não tremer de medo?"
O shofar nos faz estremecer no temor do julgamento de D'us.
Oito
"Próximo está o dia do (julgamento) de D'us: perto, muito rápido, o dia do shofar."
O shofar de Rosh Hashaná nos recorda do dia do Julgamento Final.
Nove
"E será naquele dia, soará o Grande Shofar, e os desgarrados virão da Terra de Ashur, e os rejeitados da terra do Egito."
O toque do shofar nos lembra do grande chifre de Mashiach – esperamos e rezamos para que soe este ano, para reunir todos os judeus dispersos pelo mundo afora.
Dez
"Os habitantes do pó… quando o shofar será ouvido."
O shofar nos lembra do dia da Ressurreição dos Mortos, quando estes se levantarão de seu sono.
Uma lição de humildade
Rosh Hashaná chama-se também Yom Teruá (Dia do Toque). Neste dia, é obrigação de cada judeu ouvir o shofar. Por ser finalidade do shofar inspirar-nos humildade e sentimentos de arrependimento, podemos compreender o porquê do shofar não ser ricamente decorado.
Os ornamentos não o tornam inadequado, desde que fiquem apenas do lado externo sem que suas paredes sejam perfuradas. Isto nos serve como lição da importância da simplicidade e humildade. Como o shofar que se torna inadequado se qualquer ornamento de ouro ou prata atravessar o osso do qual é feito, assim também nos tornamos seres humanos insignificantes se permitirmos que o ouro e prata sejam tão importantes na vida a ponto de "perfurar o osso" e se apossar da mente e da alma.
Você já pensou alguma vez que o shofar é um dos instrumentos de sopro mais antigos usados pelo homem? Somente a flauta do pastor – chamada Ugav, na Bíblia – o iguala em idade (de acordo com algumas opi-niões), mas não tem função no serviço Divino nos dias de hoje. O shofar, porém, é o mesmo que aquele usado há milhares de anos. Durante a história da humanidade foram inventados instrumentos novos, abandonados os velhos e somente nos museus poderemos encontrar uma flauta antiga. Não é digno de admiração que ainda nos apeguemos ao antigo shofar?
Naturalmente, se você considerar o shofar como um "instrumento musical" não tem grande valor. O shofar não produz sons delicados como o clarim moderno, a trombeta ou outro instrumento de sopro. Mas, para nós, o shofar não é um instrumento "musical"; não é usado por prazer ou divertimento. Longe disto; tem um sentido muito mais profundo. É um chamado para o arrependimento, avisando a chegada dos Dez Dias de Arrependimento, que começam com Rosh Hashaná e culminam com Yom Kipur.
Ele nos lembra o car-neiro sacrificado por Avraham (Abrão) no lugar de Yitschac (Isaac) através da história da Akedá (amarração de Yitschac), li-da no segundo dia de Rosh Hashaná. Orgulhamo-nos de ser descendentes de Avraham e Yitschac e por ter herdado algo de sua lealdade e devoção completas a D'us.
D'us não po-deria ter ficado irado com os filhos de Avraham, Yitschac e Yaacov (Jacó) que, à sua época, foram os primeiros e únicos a proclamar e santificar Seu nome no mundo. Concluímos que a verdadeira devoção à Torá e a D'us, inspirados em nossos patriarcas, significa estarmos preparados para fazer sacrifícios e ser completamente abnegados. Sabemos que milhares de nossos irmãos enfrentaram a morte com coragem para santificar o nome de D'us, como Avraham e Yitschac o fizeram.
Ocasiões em que era tocado
Nos tempos antigos, o shofar era usado em ocasiões solenes. A palavra shofar é mencionada pela primeira vez em conexão à Revelação Divina no Monte Sinai, quando "a voz do shofar era por demais forte e todo o povo do acampamento tremeu". Assim, o shofar em Rosh Hashaná deve nos lembrar a aceitação da Torá e nossas obrigações decorrentes de suas Leis.
O shofar também era tocado quando guerreávamos contra inimigos perigosos. Portanto, o shofar de Rosh Hashaná deve servir como um grito de guerra contra o inimigo interior, impulsos maus e paixões.
O shofar foi tocado no ano de Yovel (Jubileu), anunciando a libertação da escravidão e da penúria. O seu som, no dia de Rosh Hashaná, deve ser também sinal de quebra das correntes de pecados, de maneira que possamos começar uma nova vida com o coração puro, sintonizado em servir a D'us e aos semelhantes.
O shofar no Midrash
O shofar é feito de um chifre de animal casher. Qualquer chifre pode ser usado para o shofar, exceto vaca ou touro, pois estes chifres são chamados em hebraico de "keren" e não shofar, e também porque seu chifre poderia ser um lembrete do Bezerro de Ouro que os filhos de Israel fizeram no deserto, ao deixarem o Egito. Não seria apropriada esta lembrança no dia de Rosh Hashaná, quando nos voltamos para teshuvá.
Geralmente, e de preferência, o shofar é feito de um chifre de carneiro, em memória do carneiro que foi oferecido em lugar de Yitschac (Isaac), que permitiu-se ser atado e colocado sobre o altar como um sacrifício a D'us.
Rabi Abuhu disse: "Por que usamos um shofar feito de chifre de carneiro em Rosh Hashaná? (Em memória do carneiro de Yitschac), pois D'us disse: 'Toquem para Mim com um shofar feito de chifre de carneiro, e Eu me lembrarei do sacrifício de Yitschac e pensarei em vocês como se vocês, também, estivessem prontos a oferecer suas vidas a Mim.' "
Na Porção da Torá sobre o sacrifício de Yitschac, que lemos no segundo dia de Rosh Hashaná, está escrito: "E Avraham ergueu os olhos, e olhou, contemplando um carneiro na moita cerrada ser apanhado pelos chifres." Avraham viu o carneiro apanhado em uma moita após a outra.
Disse Rav Huna: "O carneiro apanhado de novo e de novo nas moitas cerradas mostrou a Avraham que seus filhos seriam apanhados em um exílio após o outro, mas ao final seriam redimidos pelo som do chifre do carneiro."
Rabi Chanina ben Dossa disse: "Cada parte daquele chifre tem sua importância: as cinzas do carneiro eram as fundações do altar interior no Bet Hamicdash; os dez tendões do carneiro fizeram as cordas da harpa do Rei David; a pele do carneiro fez o cinto de couro do profeta Eliyáhu; e dos dois chifres – o esquerdo foi tocado no Monte Sinai, quando da Outorga da Torá, e o direito, o maior, será tocado quando os judeus exilados forem reunidos de todos os cantos da terra, como está escrito: "E acontecerá naquele dia que o grande Shofar será tocado…".
O shofar deve ser curvo, para mostrar que devemos curvar nossos corações ao nosso Pai Celestial. Não deve ser decorado com ouro, ou mesmo com pinturas sobre ele. A única coisa permitida é alguns entalhes no próprio chifre, sem adicionar nada a isto.
A pessoa deve escutar o próprio som do shofar, e não um eco do som. Se alguém ouve apenas o eco dos toques, não cumpriu a mitsvá do shofar. Esta lei foi importante para os judeus na época da Inquisição Espanhola, quando os marranos (judeus em segredo) costumavam sair para as florestas, colinas e cavernas para tocar o shofar, pois se fossem apanhados neste ato, seriam queimados vivos em estacas.
Similarmente, em certos países árabes os judeus não podiam tocar o shofar, pois isso costumava assustar os árabes, que sabiam que Moshiach chegaria certo dia com o toque do shofar.
O shofar é tocado em Rosh Hashaná após a leitura da Torá, antes e durante a prece de Mussaf. Embora uma mitsvá não deva ser adiada, havia uma boa razão para adiar o toque do shofar para depois da leitura da Torá.
Isso aconteceu, numa certa comunidade judaica cercada por inimigos, em que o shofar foi tocado de manhã bem cedo. Os inimigos pensaram que os judeus estivessem convocando para uma rebelião contra eles, então os cercaram e os mataram. Ficou então decidido tocar o shofar após a leitura da Torá, pois, quando os inimigos viam que os judeus já haviam feito parte de suas preces pacificamente, percebiam que era uma reunião pacífica para a oração, e não uma rebelião contra eles.
Rashi explica que houve um tempo quando os judeus foram proibidos de tocar o shofar. Guardas eram postados para vigiá-los até que o serviço da prece de Shacharit estivesse concluído. Os judeus por isso tocavam o shofar mais tarde, durante o serviço Mussaf, e assim permaneceu esta regra, de tocar o shofar após o serviço de Shacharit. Existe ainda outra razão: pois naquele época os judeus já eram coroados com mitsvot, os preceitos entre os quais tsitsit, Shemá, e a leitura da Torá: então vem o shofar e lhes traz o perdão.
As bênçãos que antecedem o toque
O toque do shofar em Rosh Hashaná é um mandamento da Torá. É um preceito como todos os outros de nossa fé e, portanto, deve ser feita uma bênção especial antes de cumpri-lo.
O propósito da bênção é agradecer a D'us por nos ter santificado com Seus mandamentos e nos ter dado a oportunidade de cumprir a Sua vontade. Esta bênção, em geral, é um preparo para que nossos atos não sejam realizados apenas pela força do hábito e, sim, conscientemente, sabendo seu significado e perante Quem devemos agir. A bênção antes do toque do shofar tem a mesma finalidade.
Esta é a bênção: "Bendito és Tu, ó Senhor, nosso D'us, Rei do Universo, que nos santificou com Seus mandamentos e nos ordenou ouvir a voz do shofar." Começamos a bênção na segunda pessoa – como se estivéssemos diretamente perante D'us – mas a terminamos na terceira pessoa – pois D'us é Onipresente e Invisível, Santo e além da compreensão. Todas as bênçãos apresentam esta mesma estrutura.
Em hebraico a palavra Lishmoa ("ouvir" ou "escutar") da mesma raiz de Shemá, possui vários significados, entre eles, escutar ou ouvir com os nossos próprios ouvidos; além de entender e obedecer.
Deste modo, quando o Baal Tokêa (aquele que toca o shofar) faz a bênção por todos nós, espera-se que não só o som do shofar seja ouvido, como também compreendida e obedecida sua mensagem.
Os toques
O Shofar emite três sons característicos: Tekiá – um som contínuo, como um longo suspiro; Shevarim – três sons interrompidos, como soluços; Teruá – nove (ou mais) sons curtís-si-mos como suspiros entrecortados em prantos.
Estes sons do shofar evocam e expressam sentimentos de profundo pesar pelas más ações que cometemos no passado. É também uma conclamação às armas, como um tambor de guerra. O shofar nos convoca a lutar contra tudo que impeça a pratica do judaísmo em sua plenitude: paixões, preguiça e negligência; contra a influência de maus amigos, etc., afirmando que todos os preceitos são dignos para que lutemos por eles. E mesmo se no passado não os tenhamos observado cuidadosamente, o shofar diz que nunca é demasiado tarde para começar. D'us sempre perdoa o passado ao tomarmos boas decisões para o futuro.
Esta é a mensagem final do shofar, aquela do perdão Divino. Por isso, o último som do shofar é um toque longo, a Tekiá Guedolá (grande toque). Este som não representa soluço, nem suspiro ou lamento, mas um grito de triunfo e alegria; pois estamos confiantes de que D'us aceitou o nosso arrependimento.
Podemos notar esta expressão de alegria na melodia dos versos recitados logo após os toques. Enquanto os versos recitados antes são solenes, os que os seguem falam da alegria, que brota após um arrependimento sincero. Este é o real significado de ouvir, compreender e obedecer a voz do shofar.
Esta é a ordem dos toques do shofar:
1. Tekiá – Shevarim – Teruá – Tekiá
2. Tekiá – Shevarim – Tekiá
3. Tekiá – Teruá – Tekiá
O som de cada grupo é repetido três vezes, totalizando trinta toques. No total, durante o serviço matinal de Rosh Hashaná, o Shofar é tocado cem vezes (cada um dos sons acima mencionados é tocado três vezes e isto é repetido três vezes durante o serviço, somando noventa toques; no final, toca-se mais uma vez o grupo de dez, perfazendo os cem toques).
Os sons quebrados de Shevarim e Teruá lembram estes suspiros e gemidos abafados que penetram no co-ração, e servem para despertar a pessoa ao arrependimento e ao retorno. A Tekiá Guedolá – o último toque longo do shofar – soa como uma nota mais alegre e lembra o grande dia, quando o grande shofar será tocado para reunir do exílio todo o povo de Israel, com a chegada de Mashiach.
Qual é o significado do toque do shofar?
O shofar nos chama para acordarmos de nossa letargia mental pelas coisas terrenas e clama para que possamos despertar e nos envolver com as necessidades de nossa alma. É como um alerta: nos inspira temor lembrando que este é o Dia de nosso julgamento.
A mensagem do shofar, segundo Maimônides, é:
"Acordai de vosso sono e ponderai sobre os vossos feitos; lembrai-vos do Criador e voltai a Ele em penitência. Não sejais daqueles que per-dem a realidade de vista ao perseguirem sombras ou esbanjam anos buscando coisas vãs que não lhes trazem proveito. Olhai bem vossas almas e considerai vossos atos; abandonai os caminhos errados e os maus pensamentos e voltai a D'us, para que Ele tenha misericórdia para convosco!"
Esta é a função mais importante dos sons do shofar: inspirar a alma e provocar vibrações extraordinárias no coração, ativando o sentimento do arrependimento e humildade.
O despertar de nosso sono
O som do shofar é como o chamado de uma trombeta, despertando-nos de nosso sono. Estamos tão atarefados com os interesses do dia a dia – escola, trabalho, diversão – que tendemos a ficar indiferentes ao nosso verdadeiro objetivo na vida, como se estivéssemos imersos em sono profundo. Rosh Hashaná, o ano novo ano judaico, nos desperta para planejarmos o cumprimento de mitsvot e o estudo de Torá para o ano que se inicia.
Rabi Saadyá Gaon nos ensina aqui dez diferentes maneiras do shofar nos inspirar a viver uma vida melhor o ano inteiro:
Um
Quando um novo rei começa a governar, é expedida uma proclamação, acompanhada por toques de trombeta. A cada ano naquele dia, seu governo é novamente proclamado, também com o som da trombeta.
A Criação do Mundo foi completada em Rosh Hashaná, e o reinado de D'us começou no mundo. A cada ano neste dia, proclamamos novamente Seu governo com o toque do shofar.
Dois
Quando um rei emite um decreto, o chifre soa e um sinal de aviso é anunciado.
Os Dez Dias de Teshuvá (Penitência) começam com Rosh Hashaná. "Aperfeiçoe-se!" – somos advertidos, e quando este decreto é emitido, o shofar ecoa.
Três
Quando recebemos a Torá nas encostas do Monte Sinai, o som do shofar enchia os ares.
Neste dia de Rosh Hashaná nós nos dedicamos à vida de Torá novamente, e o som do shofar enche o ar.
Quatro
As palavras de nossos profetas de antigamente soam como um toque do shofar.
Lembramo-nos de suas palavras corretivas, quando ouvimos o toque do shofar.
Cinco
Nossos inimigos tocaram suas trombetas quando destruíram nosso Sagrado Templo – o Bet Hamicdash.
Quando tocamos o shofar em Rosh Hashaná, rezamos para que o novo ano traga a reconstrução do Bet Hamicdash, para que nossos pecados sejam perdoados.
Seis
Yitschac (Isaac) de boa vontade se ofereceu em sacrifício, como D'us ordenou, mas no último instante foi substituído por um carneiro.
Em Rosh Hashaná tocamos um chifre de carneiro para lembrar-nos – e a D'us – da devoção de nossos antepassados.
Sete
"Poderá o shofar soar na cidade e o povo não tremer de medo?"
O shofar nos faz estremecer no temor do julgamento de D'us.
Oito
"Próximo está o dia do (julgamento) de D'us: perto, muito rápido, o dia do shofar."
O shofar de Rosh Hashaná nos recorda do dia do Julgamento Final.
Nove
"E será naquele dia, soará o Grande Shofar, e os desgarrados virão da Terra de Ashur, e os rejeitados da terra do Egito."
O toque do shofar nos lembra do grande chifre de Mashiach – esperamos e rezamos para que soe este ano, para reunir todos os judeus dispersos pelo mundo afora.
Dez
"Os habitantes do pó… quando o shofar será ouvido."
O shofar nos lembra do dia da Ressurreição dos Mortos, quando estes se levantarão de seu sono.
Uma lição de humildade
Rosh Hashaná chama-se também Yom Teruá (Dia do Toque). Neste dia, é obrigação de cada judeu ouvir o shofar. Por ser finalidade do shofar inspirar-nos humildade e sentimentos de arrependimento, podemos compreender o porquê do shofar não ser ricamente decorado.
Os ornamentos não o tornam inadequado, desde que fiquem apenas do lado externo sem que suas paredes sejam perfuradas. Isto nos serve como lição da importância da simplicidade e humildade. Como o shofar que se torna inadequado se qualquer ornamento de ouro ou prata atravessar o osso do qual é feito, assim também nos tornamos seres humanos insignificantes se permitirmos que o ouro e prata sejam tão importantes na vida a ponto de "perfurar o osso" e se apossar da mente e da alma.
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