O mês de agosto de 2009 marca um ano da violência contra os cristãos em Orissa. Depois dos ataques, colaboradores da Portas Abertas visitaram algumas pessoas e ouviram seus relatos sobre a violência. Abaixo, segue um texto especial sobre as ações realizadas para socorrer nossos irmãos. Confira também, em breve, a nossa nova página especial sobre a Índia um ano após os ataques
O pastor de uma pequena igreja em Kandhamal perdeu tudo durante os conflitos. Trêmulo só de lembrar, ele contou como extremistas exigiram que ele adorasse deuses hindus, entoando mantras. Quando se recusou, o açoitaram com paus e varas. Por pouco ele não morreu. Mas seu coração ficou intoxicado com ressentimento e ira. Como ele iria ministrar à sua congregação quando ele mesmo estava tão traumatizado?
A violência não agrediu suas vítimas apenas no corpo. Suas emoções também foram afetadas. A perda e a calamidade súbita trouxeram desespero e perguntas que iniciaram o declínio espiritual de muitos.
A equipe da Portas Aberta via esse quadro sempre que chegava a áreas afetadas ou aos campos de refugiados: olhares sem expressão, atitudes de raiva e ódio contra os perseguidores, lágrimas de medo e depressão ao imaginar que poderia ser impossível voltar para casa, e o completo desespero de ter de passar o resto da vida à mercê dos outros. Além de tudo isso, há também a constante pressão para se converter ao hinduísmo. É visível que os perseguidos precisam de mais do que ajuda material. Muitos sofriam os sintomas do Transtorno de Estresse Pós-Traumático.
A Portas Abertas procurou suprir essa necessidade, acompanhada de médicos e peritos voluntários da Associação Médica Cristã da Índia. Juntas, as duas organizações iniciaram terapias de estresse pós-trauma.
Como não houve nenhum voluntário de fora de Orissa – muitos tinham medo de ir para lá –, a estratégia foi usar pessoas do próprio Estado. Os voluntários entrevistaram e trataram 36 pessoas, pastores locais na maior parte dos casos, para depois prepará-los para também atuarem como terapeutas na região.
O treinamento foi dividido em quatro seções. Ele foi realizado em um local seguro, em uma cidade litorânea perto de Kandhamal.
Cada módulo durava cinco dias, nos quais os voluntários aprendiam vários métodos de terapia e aconselhamento. Depois havia mais cinco dias de prática no campo, que envolvia o aconselhamento de pessoas, a fim de aplicar o que foi aprendido.
Depois de concluir cada seção, os voluntários visitavam as vítimas em campos de refugiados. Nas sessões com essas pessoas, o “terapeuta” contava sobre a perseguição que ele mesmo sofreu e incentivava o paciente a expressar seus sentimentos, falando como ele, sua família e comunidade foram afetados.
Os voluntários eram instruídos a observar a comunicação verbal e não verbal dos pacientes durante as conversas, a fim de entender a profundidade da tristeza, dor e aflição do interlocutor e avaliar o impacto psicológico do incidente na vida deles.
Aquele pastor traumatizado foi um dos primeiros a fazer a terapia. Quando um voluntário lhe contou a experiência que teve, semelhante à dele, o pastor entendeu que estavam todos “no mesmo barco”. Depois de receber oração e palavras de ânimo e conforto de seu terapeuta, o pastor voltou a crer que ele está seguro em Cristo. Ele disse que, finalmente, reencontrou sua fé!
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