Foram mais de 10 carros de som que tocavam músicas religiosas e tinham à frente, na maioria, mulheres aos gritos de “Não vamos legalizar a morte de nossas crianças” e “Desiste Temporão”.
Frases que marcaram hoje (15) uma passeata que reuniu mais de duas mil pessoas na Esplanada dos Ministérios contra a possibilidade de legalização do aborto no Brasil.
Com apoio de diversas entidades religiosas, os manifestantes vestiram camisetas e levantaram bandeiras e faixas para mostrar que a opção pelo aborto significa falta de acesso a politicas públicas de educação e a programas ligados ao planejamento familiar.
“Há uma omissão do Estado. A população não tem acesso à educação, informação e a formas de se prevenir com camisinhas e anticoncepcionais”, disse o coordenador do Movimento Brasil Sem Aborto, Jaime Lopes, um dos organizadores da marcha. “O governo não vai resolver o problema da falta de políticas públicas de saúde com a legalização desse crime”.
Eles também pediram o engavetamento do Projeto de Lei 1135/91, que retira do Código Penal o artigo que pune a mulher com detenção nos casos de aborto. O projeto tramita na Câmara dos Deputados.
Hoje, a legislação brasileira só autoriza o abortamento em três casos: quando há risco à gestante; gravidez que resulte de violência, como o estupro; ou quando o feto não tem cérebro (anencefalia).
Se a mulher optar pelo abortamento em outras situações, pode ficar presa de um até três anos. Pena que, para Maria José de Carvalho, espírita do Rio Grande do Norte que veio para o ato, pode passar para outras vidas.
“As mulheres assumem uma dívida [ao abortar] que só vão pagar em outra encarnação, isso acaba retardando a evolução”.
Para o presidente da Federação Espírita do Distrito Federal, Paulo Maia, o governo federal deve primeiro tratar de questões menos polêmicas – como mulheres que não conseguem engravidar e não têm acesso a tratamento – antes oferecer atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para as que querem abortar. “Não adianta querer levar esse debate adiante sem resolver os outros”.
A professora cearense Cergina Rodrigues também esteve na manifestação. Segundo ela, a mulher não recebe um filho, mas sim, “uma dádiva”. Ela recebeu dez: Maria Letícia, de 19 anos; Estevão Lucas, de 18; Verônica (16); Rafael Lucas (15); Angelo Lucas (13); Cecília (10); Catarina (8); Pedro Lucas (6); Daniel Lucas (4); e Gabriel Lucas (2).
E está prestes a receber a 11ª. Ao apontar a barriga, diz, orgulhosa: “vai nascer daqui a dois meses e se chamará Ana Luisa”.
O protesto contra a legalização do aborto terminou no final da tarde, em frente ao Congresso Nacional, com show de bandas de música gospel.
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