A conferência sobre o Holocausto organizada pelas autoridades iranianas, questionando a realidade desta tragédia, motivou uma condenação unânime no mundo, começando pelos chefes de governo alemão e israelense reunidos nesta terça-feira em Berlim.
Rejeitamos categoricamente esta iniciativa iraniana, e a Alemanha nunca aceitará este tipo de evento, declarou a chanceler Angela Merkel.
Esta conferência mostra o caráter inaceitável do governo iraniano e o perigo que representa o Irã para o Ocidente, frisou o primeiro-ministro israelense Ehud Olmert, que durante sua primeira visita à Alemanha se recolheu em uma estação de trem berlinense de onde partiam os comboios levando os judeus para os campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
Na véspera, Olmert qualificou esta conferência de nauseabunda, considerando que ela provava o tamanho do ódio que tem o Irã dos judeus e de Israel.
Seu vice-primeiro-ministro, o Prêmio Nobel da Paz Shimon Peres, destacou que ao negar a realidade do Holocausto, (o presidente iraniano) Mahmud Ahmadinejad incentiva um novo holocausto. Ele denunciou o laxismo da comunidade internacional com os aiatolás iranianos que querem nos levar de volta aos dias sombrios em que se queimavam pessoas e livros.
Até quando a Europa aceitará que a memória da humanidade seja insultada, que a paz mundial seja ameaçada?, perguntou, por sua vez, Pierre Besnainou, présidente do Congresso Judaico Europeu (CJE).
O departamento de Estado americano denunciou na sexta-feira um gesto vergonhoso. A congregação de negacionaistas em Teerã é uma afronta feita a todo o mundo civilizado, assim como aos valores iranianos tradicionais de tolerância e de respeito mútuo, declarou nesta terça-feira Dana Perino, uma porta-voz da Casa Branca.
O Vaticano destacou nesta terça-feira que a Shoah foi uma tragédia horrível, diante da qual não se pode ficar indiferente, e lembrou em comunicado que o século passado foi testemunha da tentativa de exterminar o povo judeu, que teve como conseqüência o assassinato de milhões de judeus de todas as idades e categorias sociais.
A Comissão Européia também expressou sua indignação com a organização de uma conferência que questiona a realidade do Holocausto.
O comissário europeu para a Justiça, Franco Frattini, condenou uma afronta feita não apenas às vítimas e a seus descendentes, mas também ao mundo democrático.
O anti-semitismo não tem vez na Europa, e não deveria ter em nenhuma parte do mundo, sentenciou Frattini.
O premier britânico Tony Blair qualificou de incrivelmente chocante a conferência de Teerã.
Considerando incrível um tal símbolo de sectarismo e de ódio com as pessoas de outra religião, ele destacou que não acreditava que este evento contasse com o apoio da maioria dos iranianos.
O ministro francês das Relações Exteriores, Philippe Douste-Blazy, condenou a resurgências das teses negacionistas na conferência de Teerã, considerando-as inaceitáveis.
O chanceler italiano Massimo DAlema denunciou uma conferência inqualificável.
O governo brasileiro expressou seu repúdio à iniciativa sábado passado.
Por sua vez, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, lembrou que há um ano, a Assembléia Geral da ONU aprovou uma resolução que rejeita qualquer negação, mesmo parcial, do Holocausto como acontecimento histórico.
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