A revolta na Síria está tomando um caráter cada vez mais religioso já que a Al-Qaeda está se infiltrando no país. Grupos rebeldes islâmicos declararam “jihad” (guerra santa islâmica) e a Irmandade Muçulmana ganha força política no país
A oposição ao presidente Assad está unindo diferentes grupos no país, assim como aconteceu na Tunísia, no Egito e na Líbia, os fundamentalistas e extremistas islâmicos estão agora se tornando cada vez mais proeminentes na Síria.
Sua influência vem de dentro e de fora do país e, enquanto alguns grupos, como a Irmandade Muçulmana, estão buscando espaço político, outros, incluído a Al Qaeda, estão usando e preparando táticas terroristas.
As autoridades norte-americanas alertaram que a Al Qaeda do Iraque está conseguindo se infiltrar na Síria; atentados suicidas em Damasco e Aleppo trouxeram as marcas registradas do grupo. É preocupante isso, pois bairros cristãos tem sido alvo de uma série de explosões.
Os adeptos da Al Qaeda são em sua grande maioria muçulmanos extremistas do ramo sunita, e a maioria dos sírios são sunitas também, o que os aproxima ainda mais da população. O governo sírio é dominado pelos Alauítas*, uma minoria xiita, aliada aos xiitas do Irã.
Alguns grupos rebeldes estão usando o termo “jihad” para incitar outros a se juntar a eles nessa “guerra santa”. Uma porta-voz disse na internet: “Aos nossos companheiros revolucionários, não tenham medo de declarar a Jihad. Estamos buscando a vitória do Deus único. Em vez de lutar por uma facção, lute por sua nação e, em vez de lutar pela sua nação, lute por Deus”.
Influentes líderes religiosos muçulmanos foram chamados para derrubar o presidente Bashar al Assad. Um líder muçulmano sírio, Adnan al-Aroor, tem feito discursos provocativos que são transmitidos nos canais de televisão do país, dizendo que o governo de Assad é “infiel”.
Enquanto isso, a Irmandade Muçulmana, que emergiu na revolução egípcia como o maior vencedor político, ganha força dentro da Síria. Sua posição é dominante no Conselho Nacional Sírio, órgão que está estabelecendo uma liderança política de oposição. O presidente Assad e seu pai tinham o controlaram por décadas todas das atividades da Irmandade Muçulmana, muitos membros do grupo foram e ainda são punidos com a morte.
A crescente influência de partidos e grupos islâmicos na Síria é extremamente preocupante para a minoria cristã do país que, antes da revolução, tinham uma considerável liberdade e paz. Isso é percebido com alguns dos partidários do governo, que vem sofrendo graves abusos nas mãos da oposição.
A comunidade cristã de Homs é a mais afetada. Os cristãos tem sido sujeitados a sequestros, assassinatos brutais e ataques contra suas propriedades. Na semana passada, forças antigoverno ocuparam uma escola cristã e um asilo cristão.
Um líder cristão em Aleppo expressou o seu temor de que, cada vez mais, o terrorismo se voltado contra as comunidades não partidárias, indefesas e contra os cristãos.
*Os Alauítas são um grupo étnico-religioso do Médio Oriente, proeminente na Síria, onde constituem cerca de 10% da população e onde dominam as estruturas políticas.
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