Uma reunião de cúpula entre representantes muçulmanos e católicos será realizada de 4 a 6 a de novembro em Roma, anunciou o Vaticano na última quarta-feira (5).
Esta iniciativa reunirá durante três dias 24 autoridades de cada uma duas religiões para um seminário sobre o tema "Amor de Deus, amor ao próximo", segundo o comunicado assinado conjuntamente pelo cardeal Jean-Louis Tauran, presidente do conselho pontificial para o diálogo inter-religioso, e o xeque Abdal Hakim Mourad, que coordena uma delegação muçulmana no Vaticano.
Será o primeiro seminário com católicos e muçulmanos na história recente da Igreja Católica. Os participantes serão recebidos pelo Papa Bento XVI, segundo o Vaticano.
A reunião foi organizada para estimular o diálogo entre as duas grandes religiões monoteístas, que depois de ter passado por uma fase positiva durante o pontificado de João Paulo II, se deteriorou gravemente em 2006 depois da controversa conferência de Bento XVI na Universidade de Ratisbona, na Alemanha, sobre o islã e a violência.
Discurso de Bento XVI em 2006 acirrou os ânimos
Ao analisar a relação entre razão, violência e islã, o Sumo Pontífice provocou graves prostestos no mundo muçulmani e uma das crises mais graves dos tempos modernos entre as autoridades das duas religiões.
Como gesto de aproximação, o pontífice alemão visitou no mesmo ano a mesquita azul da Turquia e rezou em direção à Meca dentro do templo.
Convite inclui todos os cristãos, não apenas os católicos
O foro de novembro é portanto uma resposta ao pedido de diálogo lançado em outubro de 2007 por 138 religiosos muçulmanos do mundo inteiro em uma carta aberta aos representantes do cristianismo, incluindo anglicanos, luteranos, batistas, presbiterianos e pentecostais.
Esta iniciativa tomada pelo príncipe jordaniano Ghazi bin Muhammad bin Talal permitirá pela primeira vez reunir representantes de diferentes correntes do Islã de 43 países em torno de uma mensagem de paz endereçada aos representantes católicos.
Liberdade religiosa
Andrea Pacini, consultor da comissão para as relações com os muçulmanos do Vaticano, destacou que a "liberdade religiosa" será chave no encontro.
Muitos países muçulmanos limitam e inclusive violam a liberdade religiosa e há anos as autoridades católicas exigem o respeito da liberdade de culto para as minorias católicas.
Durante o foro os participantes debaterão sobre "as bases teológicas e espirituais" do amor a Deus e ao próximo, assim como da dignidade humana e o respeito mútuo", destaca o comunicado do Vaticano.
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