Setenta cristãos detidos há dois meses na capital, Asmara, podem ter sido enviados a um centro de detenção em uma das partes mais desabitadas do país, de acordo com uma organização britânica que se posiciona contra a perseguição religiosa na Eritréia.
O grupo, que foi detido no dia 28 de maio durante uma festa de casamento, teve uma promessa de liberdade sob a condição de ligar-se às igrejas Ortodoxa, Católica ou Luterana - as únicas denominações cristãs que são sancionadas pelo governo eritreu.
Apesar de não ser relatado se alguns dos 70, ou quantos deles, submeteram-se à exigência, relatórios recebidos pela organização Release-Eritrea, do Reino Unido, afirmam que o grupo foi transferido para um centro de detenção do deserto em Wi"a, a região mais quente da Eritréia. O centro de detenção era originalmente utilizado pelos colonizadores italianos como um lugar de castigo severo e hoje é usado pelo governo eritreu para punir jovens considerados rebeldes.
"Estou consternado pelo fato de, nos dias atuais, um governo de uma nação independente estabelecer punição a seus habitantes por qualquer delito, sob tais condições", afirmou o dr. Berhane Asmelash, diretor da Release-Eritrea. "O fato do único crime desses jovens ser a confissão de sua fé em Jesus Cristo faz com que sua situação seja totalmente inexplicável. Estou preocupado com sua segurança e bem-estar, claro; entretanto, também me preocupo com a tendência ao agravamento dessa intensa perseguição".
Reportagens recebidas recentemente pela Solidariedade Cristã Mundial (CSW), com sede no Reino Unido, também afirmaram que os maus-tratos sofridos por Kelati Awalom, enquanto estava na detenção, levou à morte esse membro da Igreja Rhema em 24 de julho.
Os Ministros Erishalom, uma união de cristãos eritreus que trabalha clandestinamente na Eritréia e fora do país, relatou em seu website que os guardas da prisão bateram em Awalom tão fortemente na cabeça e no pescoço que um dos seus braços estava paralisado.
Awalom, que foi preso com sua esposa e cinco filhos no dia 17 de maio de 2004, morreu em decorrência das agressões que sofreu enquanto estava preso.
"Estamos muito preocupados com o agravamento da repressão na Eritréia", disse a diretora de advocacia da CSW, Tina Lambert, em resposta às reportagens recebidas pela Release-Eritrea e Erishalom. "A voz da comunidade internacional precisa ser ouvida alta e claramente pelo governo eritreu".
O chefe executivo da CSW, Mervyn Thomas, disse que "o tratamento dos cristãos e de muitos outros na Eritréia hoje é moralmente escandaloso".
"Toda a igreja precisa prestar atenção no pedido de ajuda de nossa família eritréia para estar com ela em oração", ele acrescentou.
De acordo com a CSW, cerca de 500 cristãos estão atualmente presos na Eritréia. O grupo que monitoa a perseguição aos cristãos também relatou a intensificação dos tormentos na Eritréia desde 2002, particularmente contra denominações evangélicas e pentecostais - que o governo equiparou a "islâmicos e difamadores, agentes de interesses estrangeiros não-nativos e não-patrióticos, que procuram minar a moralidade pública e desestabilizar o país".
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