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Religião na escola estimula a intolerância e ensina o ABC do ódio

Aprendizado de jovens árabes é realizado em verdadeiras fábricas de extremismo

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Certamente, o aspecto mais aterrorizante do recente ataque terrorista na Arábia Saudita, no centro Khobar de petróleo, foi como os militantes sauditas tentaram matar ou capturar apenas aqueles que não eram muçulmanos e deixaram muçulmanos e árabes partir. A agência de notícias Associated Press citou uma libanesa, Orora Naoufal, que foi feita refém em seu apartamento. Segundo ela, os atiradores a liberaram quando descobriram sua nacionalidade e alegaram que queriam fazer mal apenas aos infiéis e ocidentais.

Agora, onde os terroristas aprenderam tal intolerância e discriminação? Resposta: no sistema escolar público saudita e seu currículo religioso.

Essa é a única conclusão que se pode tirar, não só de ouvir os terroristas, mas, acima de tudo, de ouvir o que alguns liberais sauditas corajosos -sim, há muitos progressistas sauditas que querem que o país se torne mais aberto e tolerante- estão dizendo em sua própria imprensa.

O jornal saudita em inglês, Arab News, recentemente publicou uma série de artigos do autor Raid Qusti, sobre a necessidade de se reavaliar a educação saudita. Segundo Qusti, o editor do jornal Al Riyadh disse que as pessoas que executaram os últimos ataques na Arábia Saudita têm a mesma ideologia dos extremistas sauditas que tomaram a Grande Mesquita em Meca, em 1979. Sua ideologia acusa todos os outros de serem infiéis, o que lhes permite matá-los.

Se, como nação, nos recusarmos a olhar para a raiz desse problema, como fizemos nas duas últimas décadas, será apenas uma questão de tempo antes que surja outro grupo de pessoas com a mesma ideologia, observou Qusti.

Será que ajudamos a criar esses monstros? Nosso sistema de educação, que não reforça a tolerância a outras crenças -nem de seguidores de outras escolas de pensamento islâmico- é uma coisa que precisa ser reavaliada completamente. Outro ponto é a própria cultura saudita, na qual não aceitamos outros estilos de vida e impomos o nosso. Também merece reavaliação o fato de que, da 4ª série em diante, não ensinamos nossas crianças que existem outras civilizações no mundo e que somos parte de uma comunidade global, mas apenas ressaltamos os impérios islâmicos repetidamente. Por fim, mas não menos importante, o ambiente religioso no país precisa mudar. (tradução do árabe ao inglês por Middle East Media Research Institute).

No último ano, Hamza Qablan Al Mozainy, professor de árabe da Universidade Rei Saud, publicou dois artigos no jornal Al Watan sobre a cultura da morte em nossas escolas. Ele fala do papel que os professores sauditas estão tendo quando promovem discussões sobre como os corpos são preparados para o enterro e como o tipo de vida que a pessoa leva -correto ou decadente- pode ser entendido pelas condições do defunto.

Esse uso da morte para estimular os jovens a se abster das tentações da vida, disse ele, acaba por tornar alguns jovens sauditas alvos fáceis de extremistas que querem recrutas para operações de jihad. Será que o Ministério da Educação sabe de fato sobre as atividades que acontecem em suas escolas? perguntou Al Mozainy.

Os líderes sauditas vêm fechando os olhos há muito tempo. Eles precisam acordar -e nós precisamos de uma política energética que reduza nossa dependência do petróleo saudita. Não quero que a diferença entre um bom dia e um mau dia seja se a Arábia Saudita reformou ou não seu sistema educacional.

Há poucos anos, o vice-presidente Dick Cheney fez pouco dos que defendiam a conservação de energia, chamando-os de sonhadores. Se ele tivesse passado os últimos três anos usando seu púlpito para defender a conservação de energia e fontes alternativas, em vez de fazer pouco delas, seríamos muito menos dependentes hoje do petróleo estrangeiro.

Ó, isso é tão ingênuo, dizem na indústria de petróleo. Bem, do que você chamaria a política energética de Bush, que mantém os EUA dependentes de uma monarquia medieval, com um rei que perdeu quase todas suas faculdades, onde a transparência é quase nula, onde a corrupção é desenfreada, onde pedimos a todos os americanos que saiam e onde o sistema de educação é tão estreito que seu próprio povo agora está condenando-o como uma fábrica de extremismo? Bem, isso é o que eu chamo de ingenuidade. Também chamaria de irresponsabilidade perigosa. 

Fonte: https://www.portasabertas.org.br/noticias/Artigos/2004/06/noticia1091/


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