Os “Hot Cross Buns” [Pães Quentes da Cruz] são muito populares na Grã-Bretanha e em suas antigas colônias. Geralmente, são servidos no café da manhã ou na hora do chá. Também há uma tradição de servi-los depois das refeições na Sexta-feira Santa, já que a cruz branca que dá nome aos pãezinhos é considerada um símbolo da crucificação de Cristo.
Sua massa é doce, com passas e uma mistura de especiarias como canela, cravinho e noz moscada, e sempre são acompanhados de manteiga ou geleia. São comidos assim que saem do forno, por isso o nome “quentes”.
No entanto, a rede de pizzarias Hell [Inferno], sediada na Nova Zelândia e com algumas lojas na Inglaterra, decidiu “inovar” e lançar nste ano os “Hell Cross Buns” [Pães da cruz do Inferno]. Como o nome indica, eles trocaram a cruz por um pentagrama, símbolo do satanismo. Os pães são ofereecidos como sobremesa nas compras acima de 40 dólares locais, ou a 2 dólares cada, se comprados individualmente.
Os protestos começaram assim que os primeiros comerciais e outdoors estamparam o lema “Por tempo limitado, um pouco parecido com Jesus”. Em inglês, a frase faz um trocadilho com a ideia da morte de Cristo na Páscoa encerrar seu “tempo limitado” na terra.
“É um desrespeito a algo que muitas pessoas consideram sagrado”, disse Lloyd Ashton, porta-voz da Igreja Anglicana da Nova Zelândia. Ele declarou ainda estar cansado de ver agências de publicidade usar blasfêmia e questões religiosas para aumentar as vendas de algum produto. “Esse anúncio é mais um exemplo de publicitários que ganham muito dinheiro para provocar uma situação desagradável”.
Patrick Dunn, bispo católico da capital Auckland, pediu aos cristãos que tomem uma atitude: “Acho que, de certo modo, eles reconhecem que Jesus veio à terra por um tempo limitado. Porém, muitas pessoas podem decidir boicotar a Pizza Hell. Eu vou ser um deles “.
Warren Powell, diretor da rede Hell Pizza, minimizou as críticas, dizendo que qualquer debate sobre o suas campanhas publicitárias “é bom”.
“Não vejo como isso pode ser um desrespeito à religião de alguém. Antes de tudo, estamos reconhecendo que Jesus Cristo pode ter vindo à Terra por um tempo limitado. Podemos trazer os pães de volta no próximo ano, afinal todo mundo diz que Jesus Cristo vai voltar um dia.”
As queixas de católicos e protestantes contra a pizzaria foram submetidas ao Advertising Standards Authority, órgão regulamentador da publicidade na Nova Zelândia. Porém, o processo pode levar até 25 dias para ser julgado e só depois a empresa será obrigada a retirar os anúncios. Até que isso aconteça, a Páscoa já terá passado e a promoção estará encerrada.
O curioso é que a campanha foi lançada pouco mais de uma semana após uma pizza com a imagem de Jesus fazer sucesso na vizinha Austrália.
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