A Conferência de Bispos e Pastores Presidentes (COP) de igrejas da América Latina afiliadas à Federação Luterana Mundial (FLM), reunida nesta capital de 16 a 20 de abril, busca a definição de horizontes para a projeção sustentável das denominações luteranas na região.
“Sustentabilidade significa a capacidade de criar condições para a sobrevivência e o desenvolvimento, sem esgotamento dos recursos que nos mantêm”, definiu o pastor Paulo Butzke, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). “Como luteranos e luteranas confessamos que a igreja existe por graça de Deus, unicamente pela pregação da Palavra e a correta administração dos Sacramentos. Como liderança, Deus nos chama a contextualizar essa fundamentação para que ela se traduza em crescimento quantitativo e qualitativo”, frisou Butzke.
O desafio é trabalhar para que as igrejas luteranas tenham um testemunho mais definido e efetivo de sua confessionalidade, uma comunhão que seja determinada pela graça de Deus, um serviço com qualidade diaconal, uma liturgia que desenvolva outras formas de culto, mais inspiradores, mais participativos e multiformes, que vão ao encontro das diferentes necessidades espirituais.
A identidade luterana está marcada por dois aspectos: tradição e interpretação. A tradição é o imutável, a doutrina, os fundamentos teológicos que definem as igrejas luteranas. A interpretação é o que dá mobilidade a essa tradição, que valoriza o contexto existencial, que provoca para um exercício de discernimento teológico espiritual. “Onde estamos como igreja e para onde Deus quer nos levar? É a pergunta que temos que nos fazer constantemente”, enfatizou o pastor brasileiro.
As conjunturas regionais são importantes no processo de planejamento. O pastor presidente da IECLB e moderador do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Walter Altmann, disse que a região Sul apresenta muitos avanços no social. Há políticas econômicas mais estáveis, as classes mais pobres melhoraram seus rendimentos, mas também se vê que a classe média está bastante frustrada com os governos de seus países.
O presidente da Igreja Luterana do Peru, pastor Pedro Bullón, destacou a guinada à esquerda dos governos da região andina, com exceção da Colômbia. “Vivemos um momento novo e como igreja somos chamados pelos governos ao diálogo e à ação pela reconstrução de nossos países no aspecto educacional, ético e espiritual”, assinalou.
Ele indagou que aporte a tradição e a interpretação luterana podem trazer a essas realidades.
O bispo Medardo Gómez, de El Salvador, destacou a violência em quase todos os países da América Central. “Trabalhamos pelo desenvolvimento, formamos muitos promotores sociais, mas agora toda esta gente migra por causa da violência”, disse Medardo, com tristeza.
Ele acrescentou que o neoliberalismo leva os países da região ao caos. “A Nicarágua, a nação mais pobre da América Central, voltou a acender uma luz na região, com a eleição de um governo popular”, disse o bispo salvadorenho.
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