Eduardo Paes (PMDB) é o novo prefeito do Rio de Janeiro. Encerrada a apuração, ele assegurou a vitória com 50,83% dos votos válidos, contra 49,17% de Fernando Gabeira (PV). Confirmou, assim, o resultado apontado pelas últimas pesquisas e pela boca-de-urna, que previam também a acirrada disputa entre os dois. Os votos brancos totalizaram 2,52%, com 6,10% de votos nulos. A abstenção foi de 20,25%.
Em sua primeira declaração depois de eleito, Eduardo Paes agradeceu o apoio de seus dois maiores aliados. “Eu dedico essa vitória a um político que mudou a maneira de fazer política nesta cidade e neste Estado, que é o governador Sérgio Cabral. Também gostaria de agradecer muito ao presidente Lula, que foi um parceiro e percebeu que o Rio de Janeiro está acima de qualquer coisa. O Rio vai ficar muito melhor”.
O presidente Lula, antigo desafeto de Paes, teve espaço de destaque no discurso. “Quero agradecer o presidente Lula por superar todos os obstáculos que existiam entre nós no passado. Lula e Dona Mariza foram essenciais nesta eleição”, declarou o prefeito, que chegou a chamar o petista de “chefe da quadrilha” durante o escândalo do mensalão.
Na sequência, o prefeito eleito agradeceu os concorrentes, especialmente Gabeira. Ele prometeu cumprir as promessas feitas ao longo da campanha e festejou a possibilidade de trabalhar junto com Sérgio Cabral. “Vamos fazer aquilo com que nos comprometemos durante as eleições. Depois de muito tempo teremos um prefeito trabalhando em parceria com o governador”, declarou.
Já Gabeira assumiu a derrota e agradeceu à população do Rio de Janeiro e ao “movimento que surgiu” na cidade, segundo suas próprias palavras. Disse que continuará a agir na política do Estado, mantendo “o compromisso que firmou com o povo do Rio de Janeiro”.
Eduardo da Costa Paes, 38 anos, é formado em Direito pela PUC-RJ, mas antes mesmo de terminar a faculdade já entrou para a vida política. Em 1993, com apenas 23 anos, foi subprefeito da região da Barra e Jacarepaguá a convite de Cesar Maia, em seu primeiro mandato como prefeito do Rio de Janeiro. Nessa época, Paes fazia parte do Partido Verde (PV), mesmo partido do adversário derrotado nessas eleições, Fernando Gabeira.
A estratégia da campanha da coligação “Unidos pelo Rio” (PMDB, PP, PSL e PTB), que apóia Eduardo Paes, foi de criticar a atual administração da Prefeitura do Rio de Janeiro, de César Maia, seu antigo aliado, agora adversário político e prefeito bastante impopular ao final do mandato. No 1º turno, o atual prefeito apoiou a correligionária Solange do Amaral. No 2º, o apoio do partido foi para o concorrente Fernando Gabeira e, portanto, as críticas continuaram, principalmente em relação à saúde, educação e segurança.
O apoio da Igreja Evangélica Assembléia de Deus também impulsionou a campanha de Eduardo Paes à Prefeitura do Rio. No início do mês de agosto, quando uma pesquisa Datafolha ainda o apontava com 13% das intenções de voto no 1º turno, o deputado federal e pastor Manoel Ferreira, do PTB (partido da coligação Unidos pelo Rio), declarou preferência pelo peemedebista.
Quem é Eduardo Paes?
Em 1996, foi eleito vereador na cidade pelo partido de Maia, o então PFL (atual DEM). No entanto, ele não terminou seu mandato, pois em 1998 a população o elegeu deputado federal para o período de 1999-2002. Já em 1999 ele acompanhou Maia em mais uma troca de partido e foi parar no PTB, mas permaneceu só até 2001. Ao longo deste período, Paes pediu afastamento do Congresso Nacional para se tornar Secretário do Meio Ambiente da cidade do Rio de Janeiro, a pedido de Cesar Maia.
No ano de 2001, Eduardo Paes voltou para o PFL, partido pelo qual foi novamente eleito deputado federal em 2002. Essa filiação foi rompida em 2004, quando Paes entrou para o PSDB. Gradativamente, criador e criatura, Maia e Paes, foram se afastando. No começo de outubro, Maia tentou esboçar uma explicação para o rompimento. “O Eduardo mudou de perfil. Começou conosco, trabalhou afinado nesta direção, mas se transformou, como a Belle de Jour. A Belle de Jour na sua casa tinha um comportamento, uma família de classe média alta e foi se transformando. A realidade da Belle de Jour passou a ser uma outra realidade, um ambiente que não é o nosso”, ironizou. “O ambiente do PMDB-Alerj [Assembléia Legislativa do Rio] não é o nosso, e quem tomou a decisão da candidatura dele foi justamente o [Jorge] Picciani, presidente da Alerj. Por isso o afastamento dele da gente, e não da gente dele”, disse.
Foi como tucano que Paes se candidatou ao governo do Estado do Rio de Janeiro, em 2006. Porém, recebeu apenas 5,5% dos votos.
No 2º turno das eleições de 2006, Paes, que estava no PSDB, apoiou Sérgio Cabral, do PMDB, que por sua vez apoio Lula contra Geraldo Alckmin na disputa pela Presidência da República. A oponente de Cabral era Denise Frossard (PPS), que estava ao lado de Alckmin.
O apoio a Sergio Cabral rendeu a Eduardo Paes a Secretaria Estadual do Turismo, Esporte e Lazer. Ele assumiu o posto em 2007, apesar da discordância do seu partido. A pedido do governador, e diante da oferta da candidatura majoritária nas eleições de 2008, Eduardo Paes trocou novamente de legenda ainda em 2007, e agora é o mais novo prefeito eleito da cidade do Rio de Janeiro, pelo PMDB.
A campanha
Durante a campanha eleitoral no 1º turno das eleições, Paes não pôde contar com a participação do presidente Lula, que preferiu não estar presente no Rio de Janeiro nesta etapa, já que concorriam também vários candidatos de partidos que compõem a base aliada do governo federal, além de um candidato do próprio PT, o deputado estadual Alessandro Molon, que obteve apenas 4,97% da preferência dos eleitores.
No rádio e na TV, Eduardo Paes fez questão de mostrar sua biografia, desde o período em que foi subprefeito do Rio. Ele ressaltou, por diversas vezes, o período em que foi secretário do governo estadual, sobretudo em relação às obras dos Jogos Pan-Americanos. No entanto, falou pouco sobre sua carreira como deputado federal, já que o que marcou sua imagem nesse período foi o embate com o presidente Lula na época do escândalo do mensalão.
Apesar da ausência do presidente, o candidato do PMDB explorou a importância de unir as esferas municipal, estadual e federal para beneficiar a cidade do Rio de Janeiro. No rádio e na TV, houve grande participação do governador Sérgio Cabral e também um tímido depoimento do ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
O apoio de Cabral e a exibição de obras do governo estadual, sobretudo na área da saúde, fizeram com que o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) proibisse Paes de utilizar imagens em que ele aparecesse diante de símbolos do governo do Estado.
Eduardo Paes recebeu 1.049.019 votos e saiu do 1º turno em primeiro lugar na votação, com 31,98%, contra 25,61% do segundo colocado, Fernando Gabeira.
2º turno
Logo após o fim da apuração, Paes garantiu que iria buscar alianças com “todas as forças políticas da cidade”, mas descartou veementemente procurar o apoio do atual prefeito, Cesar Maia.
Logo na primeira semana de campanha para o 2º turno, Paes conseguiu apoios importantes, como o do PT e do próprio presidente Lula – que chegou a gravar participação para o horário eleitoral. Também declararam apoio ao candidato do PMDB Jandira Feghalli, do PCdoB, que ficou na 4ª posição nas urnas, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e o ministro da Justiça, Tarso Genro.
A participação de Lula gerou algum constrangimento na campanha de Eduardo Paes porque os políticos já tiveram atritos, principalmente na época do escândalo do mensalão, em 2005. Paes, então no PSDB e membro da CPI que investigou o caso, chegou a chamar Lula de “chefe da quadrilha”.
Para tentar amenizar o entrevero, Paes pediu desculpas ao presidente. O peemedebista confessou, durante um almoço com o governador Sérgio Cabral e com o presidente Lula, que em alguns momentos saiu do “tom da política” durante sua atuação como deputado federal.
No decorrer da campanha de 2º turno, o senador e ex-candidato Marcelo Crivella (PRB), por meio de uma carta, se colocou ao lado de Paes na corrida pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Crivella, bispo afastado da Igreja Universal do Reino de Deus, recebeu o apoio dos evangélicos da Igreja Universal do Reino de Deus. No dia 5 de outubro, Crivella obteve 19,06% dos votos dos eleitores cariocas.
Alguns padres da Igreja Católica também apoiaram Paes. No dia 15 de outubro, cerca de 100 padres de diversas correntes do catolicismo almoçaram com o candidato e alguns deles chegaram a pedir votos para ele. A Arquidiocese do Rio de Janeiro, no entanto, não se pronunciou a respeito de apoio ou indicação política.
Os apoios foram uma maneira de barrar a onda Fernando Gabeira, a grande surpresa dessas eleições no Rio. Filiado ao PV, Gabeira concorreu à prefeitura coligado ao PSDB e PPS. Nas primeiras pesquisas, ele aparecia apenas na quarta colocação, atrás de Eduardo Paes (PMDB), Jandira Feghali (PCdoB) e Marcelo Crivella, com 6% das intenções de voto.
A trajetória de ascensão de Gabeira começou no mês de setembro. Na primeira semana ele tinha 6% das intenções. No dia 19, alcançou 11% e ficou empatado tecnicamente com Jandira Feghali. Uma semana depois, o Datafolha passou a indicar o candidato disputando o segundo lugar com Crivella. No dia 5 de outubro, após a confirmação de sua ida para o 2º turno, o candidato classificou a segunda colocação como “uma vitória da população do Rio”.
A disputa no 2º turno entre Eduardo Paes e Fernando Gabeira começou tranqüila. Tanto Paes quanto Gabeira pareciam interessados somente em apresentar propostas. No primeiro debate entre eles, no jornal “O Globo”, os dois pareciam amigos e defendiam praticamente as mesmas idéias. As propostas de um pouco tinham de diferente das do outro.
No decorrer do embate, no entanto, o clima começou a esquentar. No debate da Band, no dia 12 de outubro, Paes tentou relacionar o rival às drogas, já que Gabeira fora defensor da descriminalização do uso da maconha. Apesar da crítica, em um outro encontro entre os candidatos, dessa vez na Folha de São Paulo, o peemedebista confessou que já fez uso da droga: “Já experimentei maconha. Fumei, traguei e não gostei. Nunca mais usei”.
Para o 2º turno, o candidato do PV teve ao seu lado o DEM, de Cesar Maia, e também a equipe do filme “Tropa de Elite” e o arquiteto Oscar Niemeyer.
Um deslize de Gabeira, ao dizer que a vereadora eleita Lucinha era uma “analfabeta política” e que ela tinha uma “visão suburbana”, colocou fim de vez à cordialidade entre os candidatos e rendeu um bom material de ataque para Paes. Mesmo após a reconciliação entre Gabeira e Lucinha, a propaganda do PMDB continuou acusando o rival de ser preconceituoso.
O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) chegou a apreender mais de 40 faixas apócrifas com os dizeres “Eu sou suburbano com muito orgulho”. A coordenação de campanha de Eduardo Paes negou envolvimento com a confecção deste material.
Quem é Fernando Gabeira?
Esta foi a terceira vez que Fernando Gabeira se candidatou a um cargo majoritário. Em 1969, participou, como integrante da Dissidência da Guanabara (depois, Movimento Revolucionário 8 de Outubro – MR-8) do seqüestro do embaixador americano, Charles Burke Elbrick. Por isso, até hoje é proibido de entrar nos EUA.
Em sua carreira política, iniciada quando retornou ao Brasil após exílio político durante a ditadura, também constam uma tentativa frustrada ao governo do Estado, em 1986, e outra à Presidência da República, em 1989.
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