A Frente Parlamentar Evangélica possui 68 deputados e tem se mobilizado de forma estratégica para voltar suas atenções aos temas que confrontam os princípios adotados pela maioria dos cristãos, como as discussões sobre liberação do aborto, direitos civis e humanos e laicização do Estado.
A ação que levou o pastor Marco Feliciano ao cargo de presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) faz parte desta mobilização, que levou ainda, outros 14 deputados da chamada bancada evangélica para a CDHM, sem falar nas outras comissões que tratam de temas importantes para a pauta do grupo.
Na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), os integrantes da bancada evangélica somam 18 parlamentares, que estão trabalhando na análise de projetos ligados à saúde pública e à família, como consumo de drogas e bebida alcoólica por jovens, aborto e proteção à criança.
A Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) é a responsável pela análise de pedidos de concessão para rádios, além do estudo de projetos como a que pretende proibir o aluguel de horários em canais de TV aberta, o que impediria que igrejas transmitissem seus programas. Nessa comissão, são 14 os parlamentares da bancada evangélica. Outros 18 integram a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que é tida como a mais importante da Câmara dos Deputados, por tratar de temas ligados à legalidade dos projetos que tramitam na Casa.
O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado federal João Campos (PSDB-GO) afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que a atuação da bancada é coordenada para que os temas importantes não fiquem sem a análise dos parlamentares.
“Elencamos os temas que consideramos prioritários e damos atenção especial a eles nas comissões. Nossas prioridades envolvem questões éticas, valores, aborto, família, direitos civis, drogas. Temos um grupo especialmente dedicado à questão das drogas, um assunto que nos sensibiliza muito e para o qual as igrejas evangélicas têm ofertado uma grande contribuição. Estamos trabalhando para aprovar nos próximos dias um projeto nessa área”, explicou.
João Campos ressalta ainda que a ação da bancada evangélica é pautada por princípios, mas meramente política: “Nossa atuação no parlamento é política, não religiosa. O importante é formar maioria e, quando se trata de temas como a defesa da vida, nos articulamos e atuamos junto com outros grupos. Nesse tema da defesa da vida, temos a mesma posição que a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e os espíritas e sempre atuamos juntos”.
No entanto, como forma de se opor à organização dos evangélicos, parlamentares simpáticos às questões levantadas pelos ativistas gays e também por defensores da legalização do aborto pretendem formar uma bancada, que se chamaria Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos, de acordo com informações do jornalista Felipe Patury, da revista Época.
“Deputados do PT, PDT, PSol, PC do B e de outras legendas vão lançar nesta quarta-feira a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos. As frentes parlamentares não estão previstas nos regimentos da Câmara ou do Senado. Mas servem de instância de atuação política para unificar ações de congressistas de diferentes legendas, mas com objetivo político específico. Neste caso, a articulação da nova frente pretende levar ao plenário da Câmara, sem passar pela comissão de Direitos Humanos, projetos como casamento gay, descriminalização do aborto e o projeto que criminaliza a homofobia. A criação da frente foi decidida depois da eleição do pastor deputado Marco Feliciano (PSC-SP) e da ‘profeta’ deputada Antônia Lúcia (PSC-AC), respectivamente presidente e vice-presidente da comissão de Direitos Humanos”, escreveu Patury.
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