Um contato local disse à Portas Abertas que este ataque coordenado incluía também as aldeias de Galar, Piuk e Kar, as quais foram evacuadas após o incidente. Chol Changath, atual secretário geral da SPLM (sigla em inglês que, traduzida, significa: Movimento Popular de Libertação do Sudão) disse ao jornal Sudan Tribune que a tensão crescente em Abyei pode ser violenta, caso não haja uma intervenção imediata da comunidade internacional.
A Portas Abertas foi informada de vários casos de violência ao longo das últimas semanas, incluindo a destruição da aldeia Tajalei, em 23 de abril, após uma tentativa frustrada de ataque anterior. Outros incidentes ocorridos foram dois tiroteios e a explosão de uma mina por volta do dia 20 de abril. Fora isso, houve casos em que as Forças de Manutenção da Paz confrontaram-se com membros armados da Messiria, quando estes pareciam estar a caminho do ataque às vilas.
O governo do Sudão está sendo fortemente acusado de armar as milícias a favor da desestabilização da região e dispersar os habitantes locais com o objetivo de impedi-los de participar do referendo. Segundo o Acordo Geral de Paz de 2005, um referendo que seria realizado em maio ou junho de 2011 decidiria se a cidade de Abyei pertenceria ao Sudão ou ao Sudão do Sul. O governo do Sudão do Sul insistia que o voto deveria ser permitido apenas à comunidade local, Dinga Ngok, predominantemente cristã. O Sudão, contudo, insistia em autorizar o voto à tribo nômade Messiria, de maioria muçulmana, que migrava para lá a fim de pastorear seus animais. Por não conseguirem chegar a um acordo, o referendo foi adiado em várias ocasiões.
O líder do Sudão do Sul, Salva Kiir, insistia que o impasse só seria resolvido se parceiros internacionais levassem o Sudão a aceitar a proposta da equipe de mediação da União Africana (AU, sigla em inglês): somente aqueles que viviam em Abyei permanentemente deveriam ser autorizados a votar. O Sudão rejeitou a sugestão.
Os últimos incidentes trouxeram à memória os ataques de maio de 2011, das Forças Armadas do Sudão (SAF) a Abyei, que desalojaram pelo menos 80 mil pessoas. A campanha que arrasou as terras e desmembrou a comunidade aconteceu justamente no momento em que o povo de Abyei estava entrando na época de plantio. A incapacidade de semear os fez enfrentar um período prolongado de fome.
Num primeiro momento, as agências humanitárias tiveram negado o seu acesso aos desalojados. Quando foi permitida a prestação de auxílio, a instabilidade persistente impediu muitas ONGs de ajudarem os desamparados.
Ainda assim, a Portas Abertas tem estado em contato com a pequena comunidade de cristãos de diversas denominações, em Abyei, oferecendo aos desalojados todo o apoio necessário. No centro principal, Agook, os cristãos abriram suas casas àqueles que não tinham onde morar, fazendo o possível para dar-lhes assistência prática com a ajuda de parceiros internacionais, além de fornecer-lhes cuidado espiritual.
Após os acontecimentos recentes, a igreja local se levanta novamente pela causa. Vários líderes cristãos estão viajando para algumas das áreas mais perigosas a fim de fazer uma avaliação das necessidades e dar apoio com materiais de construção e kits de sobrevivência.
Mais uma vez os habitantes de Abyei têm presenciado o desmembramento justamente quando a época de plantio está prestes a começar. Isto significa que mais uma vez dependerão do Programa Alimentar Mundial para lhes dar apoio na alimentação. O ciclo é extremamente ruim para estas pessoas que estão tentando se levantar das cinzas.
Mais recente
Em 4 de maio de 2013, militantes da etnia Messiria mataram o chefe da comunidade cristã Dinga Ngok, Deng Kuol Deng, um pacificador da Etiópia, membro da UNISFA (sigla em inglês que, traduzida, significa: Segurança Interina das Nações Unidas para Abyei); um oficial do Sudão do Sul afirma que foi uma emboscada, de autoria atribuída ao Sudão. Pelo menos outros dois soldados ficaram feridos no ataque contra o comboio.
Pedidos de oração
Ore para que Deus conforte as famílias que perderam seus entes queridos nos ataques recentes.
Peça por sabedoria para aqueles que estão em dúvida sobre ficar em Abyei ou partir e pela proteção da população local.
Agradeça ao Senhor pelos líderes da igreja que estão dispostos a viajar para áreas perigosas a fim de pregarem às pessoas. Ore pela sua proteção, para que o Senhor faça deles uma fonte de encorajamento para o povo.
Interceda pedindo por sabedoria e pela ação imediata de atores internacionais como a União Africana e o Conselho de Segurança das Nações Unidas (UNSC, sigla em inglês) para que essas instituições ajudem a solucionar as questões. Peça a Deus para que a comunidade internacional consiga envolver as duas partes para que as resoluções sejam colocadas em prática.
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